GGreve de fome em presídios do RN passa de 24h; motivo ainda é mistério

terça-feira, 2 de setembro de 2014

De acordo com a Coape, 2.157 detentos não aceitam receber refeições.
Greve de fome foi iniciada nesta segunda (1); seis presídios aderiram.

Do G1 RN

 
Na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior unidade prisional do estado, presos também se negam a comer (Foto: Henrique Dovalle/G1)

A greve de fome no sistema penitenciário potiguar completou 24 horas na manhã desta terça-feira (2). Assim como aconteceu ao longo de toda a segunda (1), detentos de seis unidades, incluindo a Penitenciária Estadual de Alcaçuz - a maior do Rio Grande do Norte - se recusam a receber as refeições. O motivo de os presos não quererem comer ainda é um mistério. "Não sabemos qual a razão desta greve de fome. Não existe, até o momento, uma pauta de reivindicações ou algo que justifique esta atitude", afirma Dinorá Simas, diretora da Coordenação de Administração Penitenciária do estado (Coape).

Segundo levantamento feito pelo G1, com base nos dados repassados pela própria Coape e diretores dos presídios, 2.157 apenados estão sem se alimentar. Além de Alcaçuz, que fica em Nísia Floresta, os presos também não querem comer no Presídio Rogério Coutinho Madruga, conhecido como Pavilhão 5 de Alcaçuz; na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP); na Cadeia Pública de Natal; na Penitenciária Estadual do Seridó, em Caicó; e no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ceará-Mirim.

Dinorá afirmou que vai se reunir com os diretores dos presídios do estado ainda na manhã desta terça para avaliar a situação de cada unidade prisional e estudar medidas a serem adotadas.
 
Penitenciária Estadual de Alcaçuz(Foto: Ricardo Araújo/G1)

Situação
Na Penitenciária de Alcaçuz, maior unidade prisional do estado, dos quatro pavilhões onde estão encarcerados 900 detentos, três aderiram à greve, totalizando 550 presos sem se alimentar. Os presos costumam fazer quatro refeições por dia em Alcaçuz. É servido pão e café pela manhã e à noite, enquanto as quentinhas são distribuídas no almoço e jantar. "Para não perder tudo, redistribuímos a comida com os 350 presos que estavam comendo normalmente", explica o diretor da unidade, Ivo Freire, que pretende visitar os pavilhões nesta terça para apurar o motivo da greve de fome.
 
Presídio Rogério Coutinho Madruga (Foto: Ricardo Araújo/G1)

Enquanto isso, na Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, conhecida como Pavilhão 5 de Alcaçuz, 350 dos 400 presos se mobilizaram. Com isso, cerca de 700 quentinhas servidas no almoço e jantar desta segunda estragaram. O diretor da unidade, Osvaldo Rossato, não recebeu reivindicações. "Não temos notícia do que seja", afirma.

O diretor da Penitenciária Estadual de Parnamirim, Durval Oliveira Franco, informou que também não houve registro de tumulto entre os 497 presos da unidade. "Os dois pavilhões evitaram as refeições o dia todo. O movimento foi silencioso. As quentinhas se perderam todas", relata.
 
Penitenciária do Seridó (Foto: Ilmo Gomes)

Na Cadeia Pública de Natal, a solução encontrada pelo diretor Eider Pereira de Brito foi doar as refeições para bairros periféricos da cidade. "Os 400 detentos dos dois pavilhões aderiram. Já doamos as sobras para comunidades carentes", diz. O diretor também informou que vai apurar o motivo da greve de fome com os detentos nesta terça.

De acordo com o vice-diretor da Penitenciária do Seridó, Ednaldo Cândido Dantas, a maior parte da comida estragou. "A carne deu para colocar no freezer e evitar o desperdício", conta. Na unidade, 310 dos 470 apenados não aceitaram as refeições. Participam da greve de fome os detentos dos dois maiores pavilhões da penitenciária, que possui um total de cinco pavilhões.

A última unidade prisional que teve a greve de fome confirmada foi o CDP de Ceará-Mirim, onde, segundo Dinorá Simas, 50 presos estão sem comer.

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