Associação de Cabos e Soldados pede dinheiro a comerciantes em Mossoró e estes se dizem intimidados

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Comando-Geral da Polícia Militar do

Rio Grande do Norte é contra a

utilização do nome da instituição para

realização de eventos que objetivam

arrecadar dinheiro junto a

comerciantes e empresários. A

orientação é que, ao ser abordado

por um policial militar pedindo ajuda

financeira, o cidadão não se deixe

intimidar. Muitos contribuem sem

entender qual a real finalidade. O

dinheiro não é direcionado à Polícia

Militar. Na verdade, o apurado vai

para as associações, que são

independentes da PM.

Em Mossoró, vários comerciantes e

empresários compraram cartelas

oferecidas pela Associação dos Cabos

e Soldados (ASC) da PM. Um dos

compradores (nome fictício), José

Antônio (pediu para não ser

identificado por temer sofrer alguma

represália) disse ao DE FATO que

comprou por acreditar que estaria

ajudando a Polícia Militar e não uma

instituição particular, como é o caso

da ACS. O primeiro contato foi feito

por telefone, em nome de um “oficial,

na ACS não existem oficiais, que são o

alto escalão da corporação; são

apenas cabos e soldados. Por

telefone, Paulo aceitou ajudar.

Ele conta que se comprometeu a

comprar uma cartela no valor de R$

100, 00, no entanto foi surpreendido

por um policial que foi ao seu

estabelecimento, usando farda,

armamento e um carro da Polícia.

“Ligaram me oferecendo uma cartela

que era para esse bingo beneficente.

Perguntaram se eu podia comprar.

Disse que compraria uma e eles

chegaram com três, relembra José

Antônio, frisando que, ao se recusar a

comprar as três, sentiu-se intimidado.

O policial fez um gesto de

desaprovação e disse que iria

comunicar ao “oficial que ele havia

descumprido o acordo firmado pelo

telefone.

Mesmo estando fora de suas

possibilidades financeiras naquele

momento, José Antônio comprou

duas cartelas (R$ 200,00) para

agradar o policial. “O que me levou a

comprar foi que eles ligaram para

mim como se fosse uma pessoa

muito conhecida minha. Falou em

nome da Polícia, que estava

precisando de ajuda. Então pensei

assim: se é para ajudar, eu vou

comprar pelo menos uma. Eles

queriam me obrigar a comprar três.

Quando disse que só queria uma, ele

se chateou comigo e disse que ia

relatar ao oficial. Foi com um ar de

quem estava com raiva e que eu

estava descumprindo a palavra,

conta.

Um outro comerciante ouvido pela

reportagem (nome fictício), José

Carlos, também passou pela mesma

situação. Primeiro, recebeu uma

ligação e disse que compraria uma

cartela para “ajudar, sem saber ao

certo para onde estaria dando sua

contribuição. O policial que foi ao seu

estabelecimento, assim como no caso

de José Antônio, levou cartelas extras,

além do que havia sido combinado

pelo telefone. José Carlos afirma ter

ficado preocupado com as

consequências da sua “não

contribuição, temendo ter o

policiamento prejudicado em seu

ponto, e acabou cedendo,

comprando duas cartelas.

Associação garante legalidade nas

ações

A Associação dos Cabos e Soldados

(ACS) da Polícia Militar do Rio Grande

do Norte garante que todas as ações

realizadas pela instituição são

amparadas legalmente pelas leis.

O cabo Queiroz, que é um dos

diretores da ACS, afirma que os

doadores recebem esclarecimento

sobre os fins daquela arrecadação

financeira. Na cartela é informado que

é da ACS e o pessoal explica como é

realizado o sorteio, explica o policial

militar.

Queiroz acrescenta ainda que os

comandantes dos Batalhões da PM no

interior são avisados com

antecedência sobre a realização

desses sorteios.

“Só contribui quem quer; é uma

ajuda, garante o diretor da

Associação, reforçando que não é

feita nenhuma promessa de

favorecimento pessoal para quem

resolva contribuir, tipo maior

presença da Polícia Militar no

estabelecimento do dono que tenha

participado.

“A pessoa faz uma doação e em troca

participa do sorteio, destaca Queiroz,

lembrando que já houve empresas

premiadas em Mossoró noutros

sorteios realizados pela entidade.

Queiroz lembra ainda que a cartela

entregue aos doadores contém todas

as informações necessárias. No

panfleto, não existe realmente

nenhuma alusão à Polícia Militar, em

específico. Eles afirmam que o

dinheiro será revertido “na reforma e

abertura de novas regionais no

interior do Estado.

O último sorteio foi feito no dia 11 de

dezembro do ano passado, data que

foi comemorado o aniversário da

ACS, em Natal. A associação fica na

Avenida Prudente de Morais, 5130,

Lagoa Nova, Natal.

PM não tem ligação com as

instituições

Segundo o coronel Francisco Araújo

Silva, comandante- geral da Polícia

Militar no Rio Grande do Norte, não

existe nenhuma queixa formal contra

a realização das atividades que

objetivam arrecadar dinheiro feitas

pelas associações que representam

classes da Polícia Militar.

No entanto, ele faz questão de deixar

bem claro que essa doação não irá

ajudar a instituição, como muitos

colaboradores acreditam ao participar

dos eventos. “A Polícia Militar do Rio

Grande do Norte desconhece

qualquer atividade dessa natureza. Se

está sendo feito algo em nome da PM,

não é permitido. Não temos nenhuma

gestão sobre esse dinheiro e não

sabemos para onde ele vai.

De acordo com Araújo, caso os

policiais que integram essas

associações estejam utilizando o

nome da corporação ou até mesmo a

estrutura (farda, armamento, viatura,

etc.) , serão responsabilizados através

de procedimento administrativo

interno e investigação criminal, já que

cometem crime.

“Se alguém usa o nome da Polícia

Militar ilicitamente, não é a instituição.

A Associação de Cabos e Soldados é

uma entidade privada que não tem

vínculo com a Polícia Militar. Para ser

sócio, tem de pagar. A PM não tem

gestão sobre essa entidade, esclarece

o coronel.

Araújo afirmou ontem à tarde que o

Comando-Geral da PM/RN

desconhecia a utilização da estrutura

da corporação por integrantes das

associações e que será aberto um

procedimento para investigar o caso.

“Estamos tomando conhecimento

agora. Se estão usando viatura para

fazer esse tipo serviço não é

permitido. Será feita uma

investigação, diz Araújo.

Fonte: www.defato. com (Jornal de

Fato)


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