Comando da PM mandainvestigar venda decartelas

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Comando-Geral da Polícia Militar no
Rio Grande do Norte determinou a
abertura de um procedimento
administrativo interno para investigar
a venda de bingos a comerciantes e
empresários pelas entidades que
representam categorias da Polícia
Militar potiguar. A suspeita é que
essas associações estejam usando o
nome da instituição indevidamente,
além de sua estrutura, para “forçar” a
compra de bingos beneficentes. A
denúncia feita por comerciantes foi
publicada pelo DE FATO na terça-feira
passada.
O coronel Francisco Reinaldo de Lima,
responsável pelo Comando de
Policiamento do Interior (CPI) da
Polícia Militar, será o responsável pela
investigação. Segundo o comandante-
geral da PM, coronel Francisco Araújo
Silva, a denúncia é grave. Ele foi
informado sobre as queixas dos
comerciantes de Mossoró através do
DE FATO e decidiu mandar investigar
o caso. Ele reforça que a utilização da
estrutura da PM, bem como o nome
da instituição com fins particulares, é
um crime e todos os envolvidos serão
punidos (caso seja comprovado). O
processo pode durar 30 dias.
Araújo explica que os policiais que
representam a Associação dos Cabos
e Soldados (ACS) da Polícia Militar,
sediada em Natal, serão ouvidos na
investigação. A dificuldade maior,
explica Araújo, é conseguir identificar
possíveis vítimas e fazer que elas
prestem depoimento. Ele reconhece
que muitas pessoas têm medo de
falar quando o assunto envolve
crimes cometidos por membros de
forças policiais. No entanto, Araújo
mostrou-se otimista com o
procedimento e fez questão de
ressaltar que a PM potiguar não
admite esse tipo de comportamento.
“Isso é crime”, frisou o comandante.
A sindicância foi aberta após matéria
publicada no DE FATO na edição de
terça-feira passada, 17. Dois
comerciantes foram ouvidos pela
reportagem e disseram que foram
coagidos a contribuir com a
Associação dos Cabos e Soldados
(ACS) da Polícia Militar. Em dezembro,
foi realizado um bingo pela ACS e as
cartelas foram compradas por
comerciantes, empresários e
populares de várias cidades
potiguares. Cada cartela custava R$
100, 00. Foram sorteados dois
prêmios: uma moto e uma televisão.
Os dois comerciantes disseram que
só contribuíram porque se sentiram
pressionados a comprar.
Ambos disseram à reportagem que
resolveram comprar uma cartela para
ajudar, mas foram “forçados” a gastar
mais. O primeiro contato foi feito por
telefone. Na hora da venda, um dos
compradores disse que a negociação
foi feita por um policial militar,
armado, numa viatura da corporação.
O acordo feito por telefone foi
desrespeitado pelo policial, que quis
vender três cartelas, ao invés de uma,
totalizando R$ 300, 00. Ao ser
informado que só venderia uma, o
policial demonstrou insatisfação e
avisou que iria reportar o caso aos
seus superiores. Assustado, o
denunciante ficou com duas.
O OUTRO LADO
A Associação dos Cabos e Soldados
da Polícia Militar do RN foi procurada
pelo DE FATO para esclarecer as
denúncias feitas pelos comerciantes
mossoroenses. A diretoria negou que
estivesse utilizando a estrutura da
Polícia Militar ou que tivesse
enganado os compradores. Eles
dizem que a contribuição é voluntária
e negam que haja algum tipo de
pressão ou que ofereçam benefícios
para quem contribuir. A ACS garante a
legitimidade do bingo e que toda a
verba é revertida para a entidade e
seus sócios (os cabos e soldados) .
Ironicamente, bingos são combatidos
no RN
A maneira encontrada pela
Associação dos Cabos e Soldados da
Polícia Militar do RN para arrecadar
mais dinheiro, além da contribuição
dada pelos milhares de sócios, foi a
aposta nos jogos de azar, que é
proibido, de acordo com a legislação
brasileira. O bingo é uma
contravenção (como se fosse um
crime mais simples).
Quando a prática é flagrada pelas
forças policiais, os responsáveis são
detidos e encaminhados para a
delegacia, na qual é feito o
procedimento. Por se tratar de uma
contravenção, os proprietários dessas
casas de jogos são ouvidos e
liberados, mediante pagamento de
fiança.
Em Mossoró, 36 pessoas foram
presas em dezembro passado
durante uma operação realizada
pelas Polícias Rodoviária Federal, Civil
e Ministério Público Estadual. Foram
identificados pontos onde
funcionavam bingos e jogo do bicho.
Tem sido comum, nos últimos meses,
a realização de operações para
combater os chamados jogos de azar
tanto no interior quanto na capital.
No balanço que divulgou as ações
realizadas em 2011, a Polícia Civil do
RN ressaltou justamente as operações
que fez contra esses jogos de azar.
Fonte: Jornal de fato

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