Facções do Comando Vermelho e PCC ameaçam autoridades no RN

domingo, 18 de março de 2012

De Paulo de Sousa para o Diário de
Natal
Facções criminosas como o Primeiro
Comando da Capital (PCC) e o
Comando Vermelho (CV) estão
infiltradas em penitenciárias do Rio
Grande do Norte e chegaram a
ameaçar autoridades do Estado. É o
que revela o juiz Henrique Baltazar, da
Vara de Execuções Penais e
corregedor da Penitenciária Estadual
de Alcaçuz, sobre um relatório
produzido ano passado pelo
Departamento Penitenciário Nacional
(Depen) e pela Agência Brasileira de
Inteligência (Abin). O secretário
estadual de Segurança Pública e
Defesa Social, Aldair da Rocha, diz
desconhecer tal documento ou que
tenham ocorrido essas ameaças.
Henrique Baltazar diz que o relatório
é confidencial e que foi enviado à
Secretaria Estadual de Justiça e
Cidadania (Sejuc), ainda na gestão de
Thiago Cortez. Pela natureza sigilosa,
o magistrado prefere não especificar
quais as facções foram detectadas no
RN nem nomes das autoridades
ameaçadas. Contudo, ele conta que
foi-lhe enviada uma cópia do
documento à época em que motins
em Alcaçuz e na Penitenciária
Estadual de Parnamirim culminaram
com uma série de ataques à ônibus
em Natal. "Naquele tempo pedimos
que os líderes desses eventos fossem
transferidos para a Penitenciária
Federal de Mossoró. Em
consequência, me mandaram o
relatório para que eu tivesse um
conhecimento mais profundo do que
estava acontecendo".
Segundo o juiz, as facções se
infiltraram principalmente no sistema
penitenciário do estado, recrutando
criminosos até por intimidação. "Eles
costumam recrutar membros fazendo
ameaças e os criminosos e
presidiários se veem até forçados a
participar para não morrer". Na
opinião de Henrique Baltazar, a
ameaça a autoridades também fazia
parte da estratégia de infiltração no
estado. "Quando uma facção dessas
chega ao estado faz diversas ameaças
à autoridades na intenção de se
impor, causar temor, apenas".
O magistrado conta ainda que as
informações desse relatório foram
compartilhadas por várias
representações da segurança pública
e possibilitaram a realização de
diversas ações da polícia para coibir
as atividades dessas facções no
estado. "Houve prisões até na Paraíba
de pessoas ligadas a essas
organizações criminosas". Henrique
Baltazar acredita que a não divulgação
desses dados tenha gerado certo
desinteresse do Estado por ações
mais enérgicas. "O trabalho feito
pelos setores de inteligência são
bastante razoáveis, mas o Estado não
tem o interesse em resolver os
problemas detectados".
Aldair da Rocha, titular da Sesed,
alega não ter recebido, até então,
qualquer cópia desse documento.
"Não tenho conhecimento desse
relatório. Pode ser que tenha chegado
para mim hoje [ontem]". Ele também
alega não ter notícias de autoridades
potiguares que tenham sofrido essas
ameaças.

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