Problemas no coração matam mais que acidentes de trânsito, afirmam especialistas

segunda-feira, 19 de março de 2012

As enfermidades cardiovasculares
ocupam o primeiro lugar no ranking
de causas de morte no Brasil. No
entanto, avanços no tratamento, bem
como nas cirurgias, podem ser o
diferencial entre a vida e a morte de
um paciente. Essas doenças estão
ligadas a um processo obstrutivo da
circulação no corpo, a aterosclerose
sistêmica. Em geral, essa obstrução
atinge as artérias do coração, mas
pode também acometer outras
regiões do corpo. Em muitos casos, a
cirurgia era a única opção para
pacientes em situação crítica. No
entanto, com a evolução das técnicas,
os pacientes podem ser submetidos a
intervenções coronarianas que têm
como vantagem o fato de não ser
necessário abrir o peito do paciente,
o que traz uma série de benefícios,
como por exemplo uma recuperação
mais rápida.
Além da melhoria tecnológica dos
aparelhos de alta resolução de
imagens, houve crescente
desenvolvimento de balões, stents e
catêteres especiais. Um dos avanços
são os stents farmacológicos , uma
espécie de mola que se coloca nas
artérias para desobstrui-las. A
vantagem desse modelo de prótese é
que vem acompanhado de
medicamento que impede reestenose
(reobstrução do vaso). Seu uso
permite o tratamento do doente
agudo em um centro de
hemodinâmica, com vários benefícios
em relação a uma cirurgia, inclusive o
tempo de internação, que, no
processo de intervenção, varia de 24 a
48 horas, enquanto na cirurgia o
paciente pode ficar mais de uma
semana no hospital.
“Doenças como infarto e o acidente
vascular cerebral (AVC) matam mais
que acidentes de trânsito”, afirma o
coordenador do Departamento de
Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista do Hospital Madre
Teresa, em Belo Horizonte, Marcos
Marino. A equipe do hospital trabalha
em conjunto há praticamente três
décadas, o que tem aumentado a
eficiência dos procedimentos. “O time
da cardiologia está muito afinado.
Atuamos de forma integrada, para
dar a resposta adequada, de acordo
com a situação do paciente”, diz.
O Madre Teresa está entre os 10
maiores hospitais no Brasil na área de
intervenção coronariana percutânea,
com a realização, em média, de 1,2
mil procedimentos por ano,
trabalhando, inclusive, com os stents
farmacológicos. “Independentemente
da classe social, a doença é a mesma,
mas o Sistema Único de Saúde ainda
não paga esse procedimento”,
informa Marcos Marino. Os centros
de hemodinâmica dos hospitais, que
antes realizavam apenas diagnósticos,
tiveram seu papel ampliado.
Atualmente, nesses espaços são
realizados diversos procedimentos,
como cateterismos cardíacos,
angioplastias coronarianas e
artereografias (cérebro e perna).
“Realizamos mais angioplastias
coronarianas do que cirurgias de
ponte de safena”, acrescenta o
coordenador.
Segundo ele, quanto mais precoce a
identificação do infarto agudo do
miocárdio e quanto antes é realizada
a intervenção, mais chances o
paciente terá de sobreviver e não ficar
com sequelas. O uso dos stents
aumentou em quatro vezes as
chances de o doente sobreviver. As
possibilidades de morte, que eram de
15%, caíram para 3% a 4% quando se
realizava uma angioplastia. Em casos
de infarto, os médicos ainda contam
com o trombolítico, medicamento
que dissolve os coágulos nas artérias.
Em países como a França, o
medicamento é usado na ambulância,
pois com esse procedimento amplia-
se o tempo para que o paciente seja
levado até o hospital, onde serão
realizados procedimentos
complementares de acordo com cada
caso. “Já fazemos em Belo Horizonte,
mas ainda pouco. O protocolo tem
que se estender para as cidades
menores”, diz Marcos Marino.
Cirurgias
Depois de mais de 25 mil cirurgias
realizadas na unidade hospitalar de
Belo Horizonte, o Madre Teresa está
entre os hospitais com maior número
de cirurgias cardiovasculares no
Brasil. Revascularização do miocárdio
(ponte de safena), troca de válvula
aórtica, mitral e tricúspide, e
operações para o tratamento de
doenças da aorta, como aneurismas,
e as dissecções são as cirurgias mais
comuns.
Sendo realizadas cada vez mais com
técnicas minimamente invasivas, as
operações têm garantido melhores
resultados, uma vez que são menos
agressivas. Ao chegar ao hospital, o
paciente é submetido a uma série de
exames para que seja feito
diagnóstico preciso do problema.
“Somente depois do diagnóstico
decidimos qual será o melhor
tratamento. Muitas vezes, por
exemplo, não é possível a realização
de uma angioplastia, porque o
problema está muito próximo do
vaso”, diz o coordenador do serviço
de cirurgia cardiovascular do hospital,
Rodrigo de Castro Bernardes.
O Madre Teresa também conta com
sala de cirurgia híbrida, onde o
médico pode fazer a cirurgia aberta e
ao mesmo tempo fazer o uso do
catêter. “Cirurgias que tinham
duração de quatro horas podem ser
realizadas em 10 minutos”, diz. No
ano passado, foram investidos R$ 7
milhões no projeto de ampliação e na
modernização do atendimento. Os
recursos contemplaram também
melhorias que beneficiaram o corpo
clínico, inclusive as equipes de
cardiologia clínica, intervencionista e
cirurgia cardiovascular.
Do Correio Braziliense

0 comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2011 Jr Maximus - template by André Freitas

Sponsored by: Trucks | SUV | Cheap Concert Tickets