Sem-tetos invadem casas destinadas à famílias de baixa renda na Zona Oeste

terça-feira, 29 de novembro de 2011

De Paulo de Sousa para o Diário de Natal

De um lado, cerca de 100 famílias que moram na comunidade do Cambuim, no bairro de Bom Pastor, Zona Oeste de Natal, e que esperam ser chamadas à ocupar as casas que estão sendo construídas no conjunto Cidade de Deus, em Cidade da Esperança. Do outro, várias outras famílias que, por alegarem não ter onde morar, acabaram por invadir os imóveis ainda em obras. João Felipe de Medeiros, diretor da Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento (Cehab), órgão do Estado responsável pelas construções, afirma que o governo já estuda a forma legal de obter a reintegração de posse das casas invadidas.


A comunidade do Cambuim fica por trás dos cemitérios do bairro Bom Pastor. Entre as várias famílias que moram ali está a da carroceira Andreia Gomes da Silva, 32 anos. Ela vive no local há 17 anos, juntamente com o marido, uma filha de 17 anos e outra de 6, sendo a moradora mais antiga da localidade. A carroceira diz que passou a viver no local pelo fato de não conseguir pagaraluguel. Para ela, ter que morar num ambiente desses e criar suas filhas ali "tem sido difícil até hoje, mas não tenho outra opção. Tem dia que consigo apurar R$ 10 com recicláveis, mas tem dia que nada consigo".

Andreia diz estar cadastrada em programas sociais para receber uma casa própria desde 1994. O último cadastro foi feito há quatro anos, juntamente com a promessa de conseguir uma casa no final deste ano na conjunto Cidade de Deus. A invasão dos imóveis ainda em construção a revoltou. "O direito de morar ali é nosso. Não podem invadir assim". A dona de casa Elizama Lopes da Silva, 30, que mora na Cambuim há 10 anos, também ficou indignada com a invasão da Cidade de Deus. "Há três anos nos prometeram aquelas casas e agora outros chegam e tomam". Ela que mora na comunidade com o marido e três filhos, diz sofrer principalmente com as doenças. "Aqui não há condições de saúde. Sofremos com baratas, ratos, mosquitos e até piolhos".

A situação também não é das melhores para aqueles que invadiram as casas doCidade de Deus. A dona de casa Maria Lopes Saraiva, 37 anos, diz que ocupou uma das casas do conjunto ainda em construção no último domingo alegando que "não tenho outro local onde colocar os meus filhos". Ela estava morando anteriormente em casas de palha à beira da BR-101, no município de Touros, juntamente com o marido, deficiente físico, o filho de 15 anos, também deficiente, e outro de 12. "E vivendo apenas do benefício do Bolsa Família".

Situação semelhante é a do desempregado José Vicente Neto, que ocupou no sábado um imóvel ainda sem teto. "Tive que cobrir com uma lona pelo menos um dos quartos, para termos onde dormir". Ele está vivendo ali com sua esposa e três filhos. José Vicente diz que ocupou a casa por estar desempregado há quatro meses e viver apenas de trabalhos temporários. "E quando eu estava indo trabalhar, vi o pessoal invadindo e resolvi pegar uma casa para mim também", admite o desempregado.

João Felipe, da Cehab, conta que a PGE está analisando a maneira legal de retirar as pessoas queocuparam indevidamente as casas. "Temos de fazer isso primeiro, até mesmo para poder concluir as obras e entregar as pessoas que devidamente estão cadastradas". O diretor afirma não saber ao certo se os moradores da Cambuim são os beneficiários que receberão as casas.

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