Homicídios crescem 189% no RN

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Andrey Ricardo - Jornal de Fato

O Rio Grande do Norte teve o

segundo maior crescimento em índice

de homicídio durante os últimos 10

anos entre as 27 unidades federativas

do Brasil. A incômoda posição foi

divulgada ontem pelo Instituto

Sangari, através do Mapa da Violência

2012. O RN só perde no aumento da

violência para o Estado do Pará.

Enquanto a média nacional de

crescimento foi de 10%, entre 1980 e

2010, no RN foi de 189%. O estudo

mostra também que 32 cidades

potiguares cresceram acima da média

no Brasil em dez anos.

A pesquisa engloba todos os

assassinatos registrados pelas 27

unidades federativas entre os anos de

1980 e 2010. Os números são

fornecidos pelos governos estaduais e

o cálculo é feito mediante uma

comparação entre o número de

homicídios e a quantidade de

habitantes. O estudo mostra que o

Rio Grande do Norte atravessou dois

períodos distintos nesses 30 anos.

Esse crescimento exacerbado da

violência pode ser verificado a partir

de 2004. Até então, a média de

homicídios era baixa. É a partir daí

que o índice encosta na média

nacional e depois disso dispara,

ficando quase 20 vezes maior.

Nesse primeiro período, entre 1980 e

2004, a taxa de violência avança

lentamente. Os autores da pesquisa

afirma que esse crescimento lento é

devido o aumento da violência nas

cidades do interior, que aos poucos

vão elevando o posicionamento do

RN perante os outros estados e a

média nacional. Nesse primeiro

período, o Rio Grande do Norte tinha

a segunda menor média do Brasil,

com 11,7 mortes a cada 100 mil

habitantes. De 2004 em diante, a

violência avança aceleradamente nas

cidades potiguares, colocando a

unidade norte-rio -grandense como a

segunda mais violenta do Brasil, em

índice de avanço.

Das 167 cidades que integram o

estado norte-riograndense , 32 delas

se destacam pelos índices de

violência. Curiosamente, o maior

índice (feito pela relação matemática

entre o número de assassinatos e a

quantidade de habitantes) é de Tibau,

cidade distante 42 km de Mossoró. De

acordo com o estudo, a média

nacional das cidades é de 26 mortes a

cada 100 mil habitantes em diante.

Tibau apresenta uma taxa de 81,4,

quase três vezes mais violenta do que

a maioria das cidades brasileiras. A

cidade tem uma característica

particular: no período de veraneio, o

número de habitantes exorbita.

Abaixo de Tibau surge a pequena

João Dias, na região Alto Oeste, com

um índice de 76,9 assassinatos, a

segunda maior média no RN. Logo

atrás vêm Caraúbas (71,5 ), que tem

tido destaque em vários outros

estudos da violência a nível nacional;

Rafael Godeiro (65,3 ); Riacho da Cruz

(63,2 ); Almino Afonso (61,6 ), cidade

que também figurou noutras

pesquisas; e Mossoró (52,7 ),

município que também tem aparecido

em incômodas posições em outros

estudos que verificam a média de

assassinatos - surgiu inclusive em

outras edições do Mapa da Violência

nos Municípios Brasileiros.

Índice de homicídio maior que o

Iraque

SÃO PAULO - A cidade baiana de

Simões Filho, com 116 mil habitantes,

foi o município brasileiro mais

violento entre 2008 e 2010, segundo o

Mapa da Violência 2012, divulgado

pelo Instituto Sangari ontem. Nesse

período, a cidade que fica na Região

Metropolitana de Salvador registrou

146,4 assassinatos por 100 mil

habitantes. O único município do Rio

Grande do Norte incluído entre os

mais violentos é Caraúbas, onde

foram registrados 68,5 mortes por

100 mil habitantes.

O segundo lugar do ranking, atrás do

município de Simões Filho é a cidade

de Campina Grande do Sul, no

Paraná, com 130 homicídios por 100

mil habitantes no período. Outra

cidade baiana, a turística Porto

Seguro, encontra- se entre as cinco

mais violentas do Brasil, com 108

assassinatos por 100 mil habitantes.

O levantamento mostra que, na

média, 67 cidades brasileiras ficaram

com o índice de homicídios acima do

registrado no Iraque no período de

guerra. O país do Oriente Médio teve

um índice de 64,9 mortes para cada

100 mil habitantes. Três capitais estão

na listagem de mais violentos do que

o país em conflito: Maceió (9 .º), Recife

(43.º) e Vitória (em 52.º) .

De acordo com o pesquisador da

Sangari, Julio Jacobo Waisefisz, o

cenário da violência tem se

descentralizado e aumentado no

interior dos Estados. "(Houve ) o

deslocamento dos polos dinâmicos

da violência: de um reduzido número

de cidades de grande porte para um

grande número de municípios de

tamanho médio ou pequeno. Se as

atuais condições forem mantidas, em

menos de uma década as taxas do

interior deverão ultrapassar as das

capitais e regiões metropolitanas

país", disse.

O interior está mais violento e

pode superar grandes cidades

É nesse cenário que a violência tem se

descentralizado e se tornado um

fenômeno crescente no interior,

aponta o pesquisador Julio Jacobo

Waisefisz. No estudo, ele detectou "a

reversão do processo de

concentração da violência homicida,

que vinha acontecendo no país desde

1980".

"A disseminação e a interiorização

tiveram como consequência o

deslocamento dos polos dinâmicos

da violência: de um reduzido número

de cidades de grande porte para um

grande número de municípios de

tamanho médio ou pequeno. Se as

atuais condições forem mantidas, em

menos de uma década as taxas do

interior deverão ultrapassar as das

capitais e regiões metropolitanas

país."

Assim, cidades pequenas como

Simões Filho (BA), com 116 mil

habitantes, Campina Grande do Sul

(PR), com 37,7 mil habitantes, e

Marabá (PA) , com 216 mil, passaram a

liderar, nesta ordem, o ranking de

municípios com as maiores taxas de

homicídio por 100 mil habitantes.

Taxas gerais. Em geral, o Brasil viu

suas taxas de homicídio crescerem

quase constantemente entre 1980 e

2003, quando chegou a 28,9 mortes

por 100 mil habitantes. A partir desse

ano, os índices se reduziram e, com

algumas oscilações, se estabilizaram.

Nesses 30 anos, a população também

cresceu, embora de forma menos

intensa, aponta o "Mapa da

Violência".

"Passou de 119 milhões para 190,7

milhões de habitantes, crescimento

de 60,3%. Considerando a população,

passamos de 11,7 homicídios em 100

mil habitantes em 1980 para 26,2 em

2010. Um aumento real de 124% no

período."

Também preocupa o fato de a

violência ainda incidir de forma muito

mais intensa entre a população

negra. Segundo o estudo, em 2010

morreram, proporcionalmente, 139%

mais negros do que brancos no país.

Brasil contabiliza mais de 1 milhão

de assassinatos

SÃO PAULO - Com 1,09 milhão de

homicídios entre 1980 e 2010, o Brasil

tem uma média anual de mortes

violentas superior à de diversos

conflitos armados internacionais,

apontam cálculos do "Mapa da

Violência 2012", produzido pelo

Instituto Sangari e divulgado nesta

quarta-feira.

O estudo também conclui que,

apesar da redução das mortes

violentas em diversas capitais do país,

o Brasil mantém um índice epidêmico

de homicídios - 26,2 por 100 mil

habitantes -, que têm crescido

sobretudo no interior do país e em

locais antes considerados "seguros".

Calculando a média anual de

homicídios do país em 30 anos, Julio

Jacobo Waisefisz, pesquisador do

Sangari, chegou ao número de 36,3

mil mortos no ano - o que, em

números absolutos, é superior à

média anual de conflitos como o da

Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996,

e da guerra civil de Angola

(1975-2002 ), com 20,3 mil mortos ao

ano.

A média também é superior às 13 mil

mortes por ano registradas na Guerra

do Iraque desde 2003 (a partir de

números dos sites iCasualties.org e

Iraq Body Count, que calculam as

mortes civis e militares do conflito).

"O número de homicídios no Brasil é

tão grande que fica fácil banalizá-lo" ,

disse Waisefisz à BBC Brasil.

"Segundo essas mesmas estatísticas

(feitas a partir de dados do Sistema

de Informações de Mortalidade do

Ministério da Saúde), ocorreram, em

2010, quase 50 mil assassinatos no

país, com um ritmo de 137

homicídios diários, número bem

superior ao de um massacre do

Carandiru por dia", diz o estudo, em

referência à morte de 111 presos no

centro de detenção do Carandiru (SP),

em 1992.

ESTADOS

Por um lado, o "Mapa da Violência" vê

motivos para otimismo: o Brasil

estabilizou suas taxas de homicídio e

conseguiu conter a espiral de

violência em Estados como São Paulo,

Pernambuco e Rio de Janeiro (onde ,

entre 2000 e 2010, o número de

homicídios caiu respectivamente

63,2%, 20,2% e 42,9 %).

Por outro lado, o estudo aponta que

"nossas taxas ainda são muito

elevadas e preocupantes,

considerando a nossa própria

realidade e a do mundo que nos

rodeia, e não estamos conseguindo

fazê-las cair" . "Estados que durante

anos foram relativamente tranquilos,

alheios à fúria homicida, entram

numa acelerada onda de violência",

diz a pesquisa.

É o caso, por exemplo, de Alagoas,

que, com 66,8 homicídios por 100 mil

habitantes em 2010, se tornou o

Estado com o maior número de

mortes violentas (era o 11º em 2000).

O Pará, que era o 21º Estado com

mais mortes violentas em 2000, subiu

para a terceira posição em 2010, com

uma taxa de 45,9 homicídios por 100

mil habitantes.

Vários fatores podem explicar essa

migração, diz o estudo: o

investimento em segurança nas

grandes capitais e suas regiões

metropolitanas, fazendo com que

parte do crime organizado migrasse

para áreas de menor risco; melhoras

no sistema de captação de dados de

mortalidade, fazendo com que

mortes antes ignoradas no interior

pudessem ser contabilizadas; e o fato

de algumas partes do país terem se

tornado polos atrativos de

investimento sem que tivessem

recebido, ao mesmo tempo,

investimentos em segurança pública.

Além disso, muitas regiões mais

afastadas dos grandes centros

também são locais de conflitos

agrários ou ambientais, zonas de

fronteira ou rotas do tráfico - fatores

que tendem a estimular a violência.


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