Cabo da PM diz ter sido vítima de racismo em supermercado de Vitória
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
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G1
O cabo da Polícia Militar Edson Lopes, que é negro, diz que foi obrigado a se despir em um supermercado de Vitória, no Espírito Santo, para provar que não tinha roubado nada. “É uma situação difícil. Eu queria morrer a passar por uma situação dessa”, desabafa.
Edson chora ao lembrar o que aconteceu no supermercado. Ele disse que foi injustamente acusado de furto. Ontem (18) à noite ele comprou dois vinhos e guardou a nota fiscal. Disse que após pagar, foi ao banheiro e conta que dois seguranças o obrigaram a tirar a roupa. “[O segurança disse] O senhor pagou esse vinho? Sim, paguei. Pediram a nota e mandaram eu tirar a roupa. O cidadão mandou tirar a roupa, me despir dentro do banheiro, foi uma coisa muito constrangedora.”
O cabo estava de chinelo, bermuda, camiseta e boné, e diz que sofreu preconceito. “Porque eu sou negro, porque eu ando às vezes de chinelo e me confundiram com um ladrão. Talvez seja por isso.”
O supermercado não deu entrevista, mas enviou um email informando que “o fato não ocorreu e estamos buscando as imagens dentro da loja para comprovar e levar em juízo.”
O advogado Bruno Duque disse que se Edson provou que pagou pelos produtos, o supermercado pode ter cometido o crime de racismo. “Ele sendo abordado apresentando a nota fiscal, comprovando que ele adquiriu o produto e pagou, ele não poderia ter sido submetido ao constrangimento que ele sofreu.”
Edson disse que foi ao supermercado outras vezes, mas nunca passou por uma situação parecida. Além de policial militar ele também faz o curso de direito em uma faculdade que fica a um quarteirão do supermercado. Hoje ele foi a faculdade, mas disse que nem assistiu aula porque está muito abalado. “Um país multirracial e ter uma coisa tão repugnante como o preconceito. Eu me sinto acabado, não tenho cabeça para nada hoje.”