Pistoleiro 'atirou na cabeça', diz filho de cacique desaparecido em MS
(Foto: Arte/G1)Local do suposto ataque
Um adolescente de 14 anos, filho do cacique desaparecido desde sexta-feira (18) em um acampamento que fica na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com Paraguai, relatou que cerca de 40 pistoleiros invadiram o local disparando balas de borracha. “Atirou no meu pai na cabeça”, relatou o jovem que tentou escapar, mas acabou atingido.
O indígena kaiwá Valmir Gonceles Cabral, que também é filho do cacique, disse não saber o paradeiro de seu pai. “Não sei onde está o corpo do meu pai. Eu queria ver o corpo do meu pai”, afirmou.
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A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso. Os indígenas afirmam que o líder religioso do acampamento Guaviry, situado em fazendas entre os municípios de Aral Moreira e Amambai, região sul do estado, teria sido morto a tiros pelo grupo de pistoleiros. Para a Funai, o cacique está desaparecido.
A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue no acampamento. Exames devem apontar se as amostras são de material humano. Os acampados relatam ainda que o corpo do cacique teria sido colocado em uma caminhonete.
Outro caso
Em agosto deste ano, índios do acampamento Puelito Kue, em Iguatemi, também no sul do estado, foram atacados por grupos armados, segundo o Ministério Público Federal. O acampamento teria sido incendiado e pelo menos três pessoas ficaram feridas após serem atingidas por tiros de bala de borracha, informou o MPF.
À época, o órgão pediu abertura de inquérito para apurar crimes de genocídio que teriam sido praticados contra os indígenas da etnia guaraní-kaiwá.
Nota de repúdio
A Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS), publicou nota de repúdio na sexta-feira (18) sobre o caso. No texto, os membros classificam os fatos como crime hediondo e defendem punição severa para os envolvidos.