Vereador acusado de pistolagem no RN diz que é vítima de perseguição
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Vereador Odelmo Rodrigues foi preso pela Polícia Civil do RN na última quinta-feira (30)
Foto: Rafael Barbosa/G1
"Como é que um homem que chefia uma quadrilha
anda tão tranquilo e desarmado pela rua como eu?"
Odelmo Rodrigues
Na manhã deste segunda-feira, Odelmo concedeu entrevista exclusiva ao G1. "Como é que um homem que chefia uma quadrilha anda tão tranquilo e desarmado pela rua como eu?", disse ele, questionando as acusações.
Odelmo também é suspeito de ter encomendado a morte do deputado estadual Nélter Queiroz e, além disso, de ter mandado matar dois homens que ele próprio teria contratado e que teriam se negado a executar o crime.
Odelmo Rodrigues está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) do conjunto Pirangi, na zona Sul de Natal. Mesmo tendo direito de ficar alojado em cela especial, por ser vereador, ele está encarcerado com outros 19 detentos. Durante a entrevista, Odelmo alegou inocência em todos os crimes atribuídos a ele pela Polícia Civil ao longo das investigações que culminaram com a prisão de várias pessoas no Oeste do Rio Grande do Norte durante a operação denominada "Mal Assombro", deflagrada em conjunto com o Ministério Público no último dia de maio deste ano.
Durante a operação, Odelmo foi um dos detidos. Com ele foram apreendidas três armas: um rifle, uma carabina e uma arma de fabricação caseira que o acusado afirma ter herdado do avô. Depois de pagar fiança no valor de 30 salários mínimos, ele foi liberado.
De acordo com o advogado Antônio Carlos de Souza Oliveira, as armas foram periciadas e não se identificou que elas tivessem deflagrado qualquer disparo.
Morte do deputado
Com relação à suposta encomenda da morte do deputado Nélter Queiroz, o vereador Odelmo Rodrigues diz que a acusação não procede, e que não tem problemas contra o deputado, a não ser divergências políticas. "O único problema que tive com ele foi político, quando em época de eleição ele foi a Assu subir no palanque contra mim", explicou o vereador.
Depois de ser ouvido pela polícia quando foi preso em meio, Odelmo também afirmou que se encontrou com o deputado e os dois conversaram. "Ficou tudo bem entre nós", acrescentou.
Odelmo de Moura possui mandato na Câmara de Assú desde o ano 2000. Este ano ele é candidato à reeleição pela terceira vez. "Estou tranquilo porque não fiz nada. Tenho certeza que vou retornar para a minha casa e para a campanha", disse ele.
O advogado Antônio Carlos conta que vai entrar com um pedido de habeas corpus, solicitando a soltura do cliente. Ele já requereu a transferência do vereador para o quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Tirol. O pedido será apreciado pela Justiça e, caso seja aceito, Odelmo pode ser transferido para a Sala de Estado Maior ainda nesta segunda-feira (3).
Mal Assombro
A Operação Mal Assombro, que recebeu este nome em razão do terror que os acusados causavam à população do Vale do Açu, na região Oeste potiguar, foi deflagrada no último dia de maio, coordenada pelo Ministério Público em parceria com a Divisão de Polícia do Oeste, a Divipoe.
O cumprimento dos mandados de prisão, busca e apreensão ocorreram nas cidade de Assu e Guamaré, com o objetivo de combater crimes de pistolagem, porte e posse ilegal de arma de fogo. Ao todo, 12 pessoas foram presas e 21 armas encontradas, entre elas espingardas, pistolas, revólveres, rifles, granadas, munições de diversos calibres e três camisas e um
colete da Polícia Civil.
Segundo informações do delegado Odilon Teodósio, titular da Divipoe, foram cumpridos 21
mandados nas casas, estabelecimentos comerciais, escritórios e sítios dos investigados. Entre os presos, estava o presidente da Câmara Municipal de Assu, Adelmo Rodrigues Caldas, com quem foram encontradas três armas, sendo um rifle calibre 22, uma carabina calibre 38 e uma garrucha.
Aos policiais, o vereador contou que as armas fazem parte de uma herança e estão com a família há muitos anos. Adelmo pagou fiança no valor de 30 salários mínimos e foi liberado,
assim como a maioria dos presos.
Rafael BarbosaDo G1 RN