Deve durar mais 30 dias inquérito de cearense morto pela PM no RN

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Fernanda Zauli Do G1 RN
Universitário foi morto após furar barreira da PM em Mossoró (Foto: Reprodução/Facebook e Gilli Maia/G1)

O delegado que investiga a morte do universitário cearense José Fernandes Castelo, de 19 anos, - vítima de disparos efetuados pela Polícia Militar na cidade de Mossoró - pediu prorrogação do prazo para concluir o inquérito. De acordo com o Roberto Moura, titular da Delegacia de Homicídios de Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte, as perícias solicitadas pela investigação não foram anexadas ao processo, o que impede a conclusão do inquérito. "Pedi prorrogação do prazo por mais 30 dias", confirmou.

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José Fernandes Castelo foi atingido nas costas por um tiro efetuado por policiais militares após ter furado uma barreira de fiscalização de trânsito na noite de 13 de abril. Na fuga, segundo consta em boletim, três pessoas foram atropeladas, mas se recuperam bem.

“As perícias das armas dos policias, da reconstituição simulada, e da alcoolemia da vítima ainda não foram anexadas ao processo. O inquérito chegou a uma determinada fase em que está praticamente parado, dependendo dessas perícias para ser concluído”, disse o delegado.

O delegado informou ainda que o pedido do novo prazo para conclusão do inquérito será remetido ao Ministério Público ainda nesta segunda-feira (24).

A reconstituição
A reconstituição da ação policial que culminou com a morte de José Fernandes Castelo foi realizada na noite de 28 de maio, em Mossoró. Segundo o delegado Roberto Moura, a ação buscou reproduzir o mesmo cenário da ocorrência registrada na noite de 13 de abril, “respeitando inclusive o mesmo horário em que o fato foi registrado em boletim”, afirmou.
Familiares do universitário foram de Tauá (CE)
para Mossoró (RN) exigir justiça
(Foto: Geangelles Pinheiro/G1)

A ação também foi realizada, ainda de acordo com o delegado, percorrendo os mesmos lugares por onde o jovem passou, desde o momento em que furou a barreira até o local onde foi baleado pelos PMs. Tudo começou na avenida Leste-Oeste, de onde partiu a perseguição. Em seguida, a reprodução simulada passou por várias ruas do Centro, nas proximidades dos hospitais, onde houve o atropelamento de um motociclista, chegou ao bairro Boa Vista, onde um dos pneus do carro de Castelo foi furado por um tiro, até chegar ao bairro Nova Betânia, local o veículo recebeu novos disparos e o rapaz acabou sendo atingido.

Ao G1, o perito criminal Jader Viana, do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), explicou que, apesar de o boletim ter registrado que três pessoas haviam sido atropeladas por Castelo, só houve constatação de materialidade de um ferido, um rapaz que é motociclista e sofreu fratura na perna. “Por isso a reconstituição foi feita apenas com uma vítima de atropelamento”, ressaltou.
Policiais civis reconstituíram nesta terça (28),
em Mossoró, a morte do universitário José Castelo,
morto pela PM (Foto: Geangelles Pinheiro/G1)

Ainda de acordo com Viana, a reconstituição da perícia percorreu os mesmos 6,8 quilômetros que Castelo transitou a bordo do Honda Civic quando fugiu após furar a barreira. No relatório da PM, este trajeto foi feito em menos de 10 minutos. “Em certos trechos, o veiculo desenvolveu uma velocidade de 100 quilômetros por hora”, diz o documento. “Só parando o carro depois de ter um dos pneus furados”, acrescenta.

A reconstituição, ainda de acordo com o perito, também simulou os disparos feitos contra o automóvel – oito ao todo, sendo que um deles atingiu o pneu traseiro direito e os demais a parte traseira da lataria. Foi um destes disparos, inclusive, que matou Castelo. A bala pegou na lanterna traseira direita, passou pelo banco, transfixou o assento do motorista e acertou as costas do rapaz.

Entenda o caso
O universitário José Fernandes Castelo, de 19 anos, natural de Tauá, cursava Engenharia Civil no campus da UNP de Mossoró desde o início deste ano. Ele morreu na noite de 13 de abril após levar um tiro da Polícia Militar no município de Mossoró, na região Oeste do Rio Grande do Norte. Segundo informações do capitão Rabelo, do 12º Batalhão da PM, o rapaz conduzia um Honda Civic, com placas de Fortaleza, quando furou uma barreira policial e, ao ser perseguido, atropelou três pessoas.

Ainda de acordo com informações da PM, familiares do rapaz teriam confirmado que ele havia bebido. Segundo perícia preliminar do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), foi encontrado um copo com bebida alcoólica dentro do veículo. O tiro que atingiu o rapaz, inclusive, perfurou a lanterna traseira do lado direito, atravessou o banco do motorista e atingiu as costas de Castelo.

A perseguição, conforme registrado pela PM de Mossoró, aconteceu a partir da avenida Leste-Oeste, no Centro da cidade. Consta que o jovem cearense ainda foi perseguido por guarnições da Departamento de Polícia Rodoviária Estadual (DPRE) por várias ruas do bairro Boa Vista, só parando o veículo ao ser alvejado no bairro Nova Betânia.

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