Estudantes da USP fazem protesto pela permanência da PM no Campus

terça-feira, 1 de novembro de 2011

São Paulo – Estudantes da Universidade
de São Paulo (USP) fizeram hoje (1º )
uma manifestação, convocada por meio
das redes sociais, para apoiar a
presença da Polícia Militar (PM) fazendo
a segurança da Cidade Universitária,
localizada na zona oeste da capital
paulista. A manifestação ocorreu na
Praça do Relógio e reuniu cerca de 200
alunos.
O ato foi uma reação aos colegas que
ocuparam o prédio da diretoria da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH), na noite da última
quinta-feira (27), em protesto contra a
atuação dos policiais militares (PMs) no
campus. Eles dizem que só vão
desocupar o prédio quando o convênio
firmado entre a universidade e a
Secretaria de Segurança Pública (SSP) ,
que prevê a presença de policiais, for
suspenso. O prédio foi ocupado após
um confronto ocorrido entre
estudantes e PMs, depois que três
alunos, flagrados fumando maconha,
foram detidos no estacionamento da
faculdade.
Na convocação para a manifestação de
hoje, os organizadores declaram que “a
presença da Polícia Militar é necessária”
por causa da falta de preparo da
Guarda Universitária para exercer o
trabalho de segurança do local.
A estudante de letras Marina Grilli, uma
das organizadoras da manifestação,
reconhece admite que a Polícia Militar
não tenha condições de resolver todos
os problemas, mas reconhece que ela é
a melhor solução, a curto prazo, para a
universidade. “A PM é o que temos
agora. E diminuiu em muito, sim, a
criminalidade no campus. Então não faz
sentido algum pedir a sua retirada”,
disse.
“Antes da morte do aluno da Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA ) tínhamos menos
polícia e eu me sentia menos seguro.
Agora temos visto rondas, e está bem
mais tranquilo andar [aqui]” , disse
Henrique Ianelli Gonçalves Luiz,
estudante de engenharia elétrica, um
dos participantes da manifestação.
Renan de Oliveira, diretor do Diretório
Central dos Estudantes (DCE), declarou
que o órgão defende o
aprofundamento do debate entre os
estudantes sobre o tema. “Não
achamos que existam verdades
absolutas, nem que a polícia seja a
única saída, nem que a ausência da
polícia, agora, vá resolver o problema
que vimos ao longo do ano de
insegurança e violência. O que não
queremos é que estudantes se
aproveitem desse clima de insegurança
para fazer política em cima disso” , disse.
Na opinião de Oliveira, o consenso
entre as partes sobre o assunto pode
enfrentar dificuldades, mas irá ocorrer.
“Isso não virá da noite para o dia. A
universidade tem 80 mil pessoas, e essa
é uma questão bem problemática.
Precisamos ter uma mesa de debate e
envolvimentos dos professores. A
universidade produz conhecimentos
para muitas áreas e tenho certeza de
que para resolver esse problema da
segurança e da circulação de
estudantes, a universidade pode
auxiliar os estudantes a tirar uma
posição sobre isso”, declarou.
Para o tenente-coronel José Luiz de
Souza, comandante do 16º Batalhão da
Polícia Militar, responsável pelo
policiamento na região do Butantã, em
São Paulo, “não há excesso” na
abordagem policial dentro do campus.
Souza explicou que o trabalho
desenvolvido pela PM dentro da USP é
de “prevenção de delitos. “A abordagem
policial é um dos recursos estratégicos
que a instituição utiliza, em todo o
território paulista, para reprimir ilícitos.
Não há abuso. É uma estratégia usada
pela polícia há muitos anos”, disse.
Segundo Souza, o confronto ocorrido
entre a PM e os estudantes foi,
principalmente, pela falta de diálogo e
excesso dos estudantes. “Estive
presente, aqui, no momento em que
isso aconteceu. A polícia militar adotou
todos os recursos e esgotou todos os
meios que tinha de negociação para
fazer com que esse fato transcorresse
da maneira menos traumática possível.
Mas a partir do momento em que houve
o cerco à viatura da polícia, a quebra
dos vidros, as agressões, o rapaz
subindo em cima da viatura, aí,
evidentemente, a polícia não teve outra
alternativa a não ser fazer uso da força
necessária para desobstruir e garantir a
segurança”, declarou.
Neste momento, os estudantes da USP
estão fazendo uma assembleia no
prédio da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas. Centenas de
alunos acompanham a reunião, que
discute a questão da segurança no
campus. A assembleia também pode
decidir sobre a desocupação do prédio
da administração da FFLCH. Em um
manifesto, os alunos que ocupam o
prédio questionam a presença da
Polícia Militar no campus.
“Simultaneamente à repressão policial,
que ocorre tanto na USP quanto fora
dela, a reitoria tenta extinguir os
espaços políticos e culturais de
organização dos estudantes”, diz o
documento.
O convênio entre a USP e a Secretaria
de Segurança Pública foi firmado em
setembro, após meses de negociação.
Em maio deste ano, o estudante Felipe
Ramos de Paiva, de 24 anos de idade,
foi assassinado durante um assalto.
Ontem (31), a Congregação da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP, formada por 50
professores, funcionários e alunos,
declarou, por meio de nota, a sua
disposição para negociar o conflito. “A
congregação envidará todos seus
esforços para desarmar o conflito e
conduzir seu desfecho à mesa de
negociações”.
* Fonte: Agência Brasil

0 comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2011 Jr Maximus - template by André Freitas

Sponsored by: Trucks | SUV | Cheap Concert Tickets