Delegados ameaçam entregar delegacias no interior
Delegados ameaçam entregar DPs no
interior do RN
De Fernanda Zauli para o Diário de
Natal
Os delegados da Polícia Civil do Rio
Grande do Norte ameaçam entregar
as delegacias que acumulam no
interior, caso o Governo do Estado
não sinalize com a nomeação dos 82
aprovados no concurso para
delegado. De acordo com a
presidente da Associação dos
Delegados de Polícia (Adepol/RN ),
Ana Claudia Gomes, atualmente há
delegados que acumulam delegacias
em mais de 20 cidades. "A situação
no interior do estado está
insustentável e algo precisa ser feito
urgentemente", disse.
A decisão de entregar ou não as
delegacias acumuladas será tomada
em assembléia marcada para as 11h
de hoje, na sede da Adepol. Os
delegados regionais decidiram tomar
alguma providência após anúncio do
governo, em reuniões com a
categoria, de que só seriam
nomeados 10 dos 82 aprovados para
o cargo de delegados. "O acúmulo de
delegacias é ilegal e a categoria vem
suportando essa prática há anos na
esperança de que essa nomeação
aconteça e agora o governo diz que
irá nomear só 10 aprovados. Não é
sóa Polícia Civil que precisa dessa
nomeação, é a sociedade como um
todo", opinou a presidente da
Adepol.
Nesta semana, a juíza Daniela Duarte
concedeu liminar determinando que,
no prazo de 20 dias, o Estado do Rio
Grande do Norte designe para a
comarca de Caraúbas uma equipe de
polícia civil composta de delegado de
polícia, escrivão e agentes, para
atuação de forma exclusiva e
permanente, para exercer suas
atividades constitucionais de polícia
judiciária. A ação civil pública foi
ajuizada pelo Ministério Público
justamente porque o delegado
designado para a cidade de Caraúbas,
responde por outras 13 cidades. Além
disso, em Caraúbas, a delegacia não
possui escrivão e o número de
agentes da polícia civil é insuficiente.
De acordo com a Adepol/RN , em
virtude disso, muitos inquéritos de
crime de homicídios são arquivados
por não se conseguir determinar a
autoria por falta de equipe para uma
atividade investigativa eficiente.
Diagnóstico
Em novembro deste ano a Adepol/RN
divulgou um diagnóstico da estrutura
físicae pessoal da Polícia Civil do Rio
Grande do Norte. O estudo revelou
que em 30 municípios potiguares
inexiste a presença da polícia
judiciária em todos os aspectos e
ainda que há 124 municípios onde o
efetivo da Polícia Civil está incompleto.
Isso significa que há o prédio da
delegacia, mas ela não conta com
uma equipe suficiente de agentes,
escrivães ou delegado. Em 85 cidades
não há armas para os servidores da
polícia judiciária; 90 não têm viaturas
disponíveis para a instituição; e em 50
não existe sequer arma, viatura ou
efetivo, apenas um prédio ocupado
por policiais militares. "Infelizmente,
em boa parte dos municípios do
interior potiguar são os PMs que
fazem o nosso papel", afirmou a
presidente da Adepol.