MP pede televisão e revistas para presos que estavam de "castigo" após rebelião no Rio Grande do Norte

domingo, 11 de dezembro de 2011

MP (Ministério Público) do Rio

Grande do Norte solicitou que a Coap

(Coordenação de Administração

Penitenciária) libere o acesso a

televisão, livros, jornais e revistas aos

reeducandos do pavilhão Rogério

Coutinho Madruga. O local foi recém-

inaugurado e faz parte da

penitenciária de Alcaçuz, no município

de Nísia da Floresta, a 40 km de Natal

(RN).

Expedida nesta quinta-feira (8) , no

Diário Oficial do Estado, a

recomendação pede ainda que sejam

regularizados o banho de sol e as

visitas sociais, que --segundo

denúncias dos presos-- não

ocorreriam desde a transferência para

o novo pavilhão, há cerca de 45 dias.

O MP deu prazo de 10 dias para que

as medidas sejam normalizadas.

A promotora Maria Zélia Henriques

Pimentel, que expediu a

recomendação, explicou que atende

ao que determina a Lei de Execução

Penal. No documento, ela ressalta que

a primeira visita social dos presos do

novo pavilhão ainda não ocorreu e

está marcada para acontecer com

“mais dois meses após a transferência

destes apenados”.

Segundo a promotora, somente os

reeducandos “suspensos ou

restringidos mediante ato motivado

do diretor do estabelecimento

prisional” podem se privar dessas

regalias.

A recomendação cita ainda que a

Constituição Federal “fixa que todos

são iguais perante a lei, sem distinção

de qualquer natureza, sedo garantida

a inviolabilidade do direito à vida,

direito esse assegurado indistitamente

a todos, inclusive às pessoas que

respondem pena privativa de

liberdade, às quais deve ser

garantido, ainda o respeito à

integridade física e moral”.

O documento destaca ainda que a lei

assegura ao apenado “a igualdade de

tratamento, salvo quanto às

exigências da individualização da

pena, bem como a visita do cônjuge,

da companheira, de parentes e

amigos em dias determinados e o

contato com o mundo exterior por

meio de correspondência escrita, da

leitura e de outros meios de

informação que não comprometam a

moral e os bons costumes.”

Surpresa

Em entrevista ao UOL Notícias , o

coordenador do sistema penitenciário

do Rio Grande do Norte, José Olimpio

da Silva, disse que a recomendação

causou surpresa, pois a rotina dos

presos já está sendo restabelecida.

Segundo ele, as medidas tomadas

devido à rebelião, como também a

destruição, foram informadas ao MP

por meio de relatório, com fotos da

destruição no novo pavilhão.

Segundo Silva, os 86 reeducandos

queimaram e rasgaram colchões,

roupas e toalhas –que compõem os

kits que o governo do Estado

preparou para que os transferidos já

tivessem os objetos pessoais

padronizados– e estariam se

recusando a cumprir as regras do

novo pavilhão.

“Os presos se rebelaram sem motivo,

deram prejuízo e receberam as

punições devidas, mas nem

cumprimos os 30 dias como

determinado, com 20 dias tudo já

estava normalizado”, explicou Silva,

dizendo que o pavilhão tem dois

aparelhos de TV de 42 polegadas, de

LCD, que ficaram desligados porque a

medida fez parte do castigo.

Silva ressaltou que a recomendação já

está sendo cumprida, faltando apenas

a assinatura de revistas e jornais,

além de livros para os reeducandos.

“Os livros, jornais e revistas estão

sendo providenciados, mas banho de

sol, visitas sociais e o acesso à

televisão, que foram cortados porque

eles estavam de castigo, já foram

normalizados. Não entendo como é

que a gente se esforça para dar um

tratamento melhor aos presos, que

sem motivos destruíram tudo” .

Presos dormindo no chão

O coordenador afirmou ainda que

outra medida tomada pela Coap foi

de não fornecer novos colchões aos

reeducandos que queimaram e

rasgaram os novos. “O novo pavilhão

tem capacidade para 400 detentos,

mas apenas os novos detentos estão

recebendo os kits e os colchões. Não

vamos dar novos colchões aos

rebelados porque não tinha

necessidade daquilo tudo. As famílias

que quiserem que seus parentes não

durmam no chão, que tragam novos

colchões”, disse Silva, criticando

entidades ligadas aos Direitos

Humanos que se manifestaram contra

as medidas tomadas pela direção do

presídio de Alcaçuz.

Fonte: noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/12/11/mp-pede-televisao-e-revistas-para-presos-que-estavam-de-castigo-apos-rebeliao-no-rio-grande-do-norte.jhtm?cmpid=twitter


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