Portal Uol: Sem remédios e equipamentos, hospital do RN tem surto de superbactérias e mortes
O Rio Grande do Norte na imprensa nacional. Veja matéria do portal Uol, assinada pelas jornalistas Aliny
Gama e Carlos Madeiro:
A contaminação de pacientes por superbactérias está preocupando médicos e pacientes do Hospital Estadual
Ruy Pereira, em Natal (RN). A unidade, inaugurada em outubro de 2010, tem cerca de 85 leitos e é referência no
atendimento a pacientes com problemas vasculares no Rio Grande do Norte. Na unidade são realizadas
cirurgias eletivas e internações –há no local uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com quatro leitos.
A contaminação de pacientes por superbactérias está preocupando médicos e pacientes do Hospital Estadual
Ruy Pereira, em Natal (RN). A unidade, inaugurada em outubro de 2010, tem cerca de 85 leitos e é referência no
atendimento a pacientes com problemas vasculares no Rio Grande do Norte. Na unidade são realizadas
cirurgias eletivas e internações –há no local uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com quatro leitos.
Filho de paciente relata descaso
Por conta da crise na saúde –com desabastecimento dos hospitais, greve dos médicos e falta de leitos nas
unidades– o governo estadual decretou calamidade pública na urgência e emergência de todo o Estado no
último dia 4. O poder público pretende resolver os principais problemas do setor em 180 dias –prazo de
validade do decreto.
Segundo profissionais ouvidos pelo UOL, o hospital Ruy Pereira não possui equipamentos adequados para
tratar pacientes com infecções, o que leva a proliferação de bactérias de difícil tratamento.
No dia da visita da reportagem ao local, na última quinta-feira (12), o médico plantonista Pedro Raimundo
Souza contou que foram registradas duas mortes de pacientes por infecção de superbactérias. “Essas mortes
estão ligadas às condições precárias do hospital”, disse, relatando uma série de problemas na unidade.
Segundo o médico, duas superbactérias estão contaminando vários pacientes do hospital: a acinetobacter e a
pseudomonas. Há falta de antibióticos para combater as infecções.
“Quando fazemos o teste e é apontada uma superbactéria nós fazemos o isolamento do paciente em uma
enfermaria. Mas acontece que, devido à insuficiência de equipamentos e instrumentos, que são compartilhados
com todos os pacientes, a bactéria sai passando de um para o outro”, explicou Souza, citando que as duas
bactérias são bastante resistentes a tratamentos. “É difícil o tratamento. O melhor remédio muitas vezes não faz
efeito. A gente luta, mas na maioria a gente perde para a acinectobater.”
O médico afirmou ainda que a bactéria fica mais resistente porque ocorrem faltas rotineiras de medicamentos
para o tratamento. “O que ocorre também é que ministramos, por um determinado tempo, o antibiótico, mas
o paciente fica sem a defesa. Quando o tratamento é interrompido, devido à falta da medicação, a bactéria fica
mais resistente.”
O médico plantonista Luciano de Morais Silva afirma que a UTI do hospital também sofre com o
desabastecimento e desaparelhamento. “A gente está sem exame de raio-x há um ano. Todo paciente aqui a
gente drena o tórax, acompanha com pneumonia, coloca e tira do respirador sem ter um exame. Ou seja, a
gente faz tudo como herói, vendo apenas clinicamente.”
O filho de um paciente de 70 anos, que não quis revelar o nome, relatou que o pai pegou duas superbactérias
e está em estado grave. “Ele tem úlcera e foi internado. Depois, foi diagnosticado com infecção. Fizeram exame
e foi detectado um tipo de superbactéria, e ele agora pegou outra aqui, nesse hospital”, afirmou.