Delegado Maurílio Pinto critica falta de empenho dos policiais civis
Por Márcio Morais do portal bo
O delegado Maurílio Pinto criticou duramente a
falta de empenho e vontade de boa parte dos
policiais civis do Rio Grande do Norte e chegou a
declarar que alguns se apegam a apadrinhamento
político para terem seus desejos atendidos.
Confira entrevista com o Xerife potiguar.
Márcio Morais - Como é depois de 47 anos de
serviço na atividade policial ficar aposentado?
Maurílio Pinto: “Eu estou estranhando muito, não
consegui me adaptar ainda. Como tenho minhas
limitações, estou fazendo fisioterapia nas
segundas, quartas e sextas e nos outros dias faço
visitas a policiais antigos, já aposentados, amigos
meus. Também estou aproveitando para ler. Estou
lendo três livros simultaneamente: o “Rio Grade
do Norte - Os notáveis dos 500 anos”, de Jurandyr
Navarro; “Um certo delegado de captura”, do
comandante da Polícia Militar de Minas Gerais; e
“Autopsia do medo”, do jornalista Percival de
Souza.
Márcio Morais - O senhor continua recebendo
informações sobre localização de bandidos?
MP: Mesmo aposentado, eu continuo recebendo
pessoas, inclusive vindas do interior, que trazem
as informações até a minha casa. Algumas delas
eu até repassei para a polícia e eles conseguiram
fazer umas apreensões, mas nenhuma prisão.
Márcio Morais - Que nota o senhor dá para a
segurança pública do estado do Rio Grande do
Norte em 2011?
MP: Para a segurança pública eu dou nota sete.
Não estou falando que a criminalidade e a
violência diminuíram, mas o que vem sendo feito
em relação ao combate ao crime, eu acredito que
está nessa faixa de sete ou sete e meio. Essa é a
minha opinião.
Márcio Morais - Qual a principal dificuldade que
a polícia civil enfrenta?
MP: A principal é a falta de interesse de alguns
policiais, tanto agentes, quanto escrivães e
delegados que são acomodados. Antigamente,
eles eram mais profissionais, eles tinham a
vocação.
Márcio Morais - O que é preciso para ser um
bom policial?
MP: Eu acho que existem três fatores para ser um
bom policial: honestidade, o faro policial e a
coragem. Eu me emociono quando vejo policiais
com atitudes honestas.
Márcio Morais - Como o senhor vê a atuação do
delegado geral?
MP: Fábio Rogério é um delegado jovem, quem
vem se destacando, principalmente quando
conclama a todos os policiais a trabalharem para
dar credibilidade à Policial Civil junto à população.
Márcio Morais - Qual o principal problema da
Polícia Civil?
MP: A falta de compromisso de alguns policiais,
que recorrem ao apadrinhamento político ou
tiram licença médica para não trabalhar. Na
verdade, alguns policiais só trabalham onde lhe
interessam, se colocar em um setor que interessa
a ele, ele trabalha feito um bicho, mas se colocar
em uma delegacia de menor importância, ele não
tem tanta dedicação, quando na verdade isso não
deveria acontecer.
Márcio Morais - Foi acertado lotar os novos
policiais no interior do Estado?
MP: Colocar esses novos policiais para atuar no
interior foi um grande acerto, não tenho a menor
dúvida, pois a meta é interiorizar a Polícia Civil. E a
gente vê a situação dificílima do interior,
principalmente quando alguns delegados
assumem diversas delegacias.
Márcio Morais - Como o senhor viu o ano de
2011 para a Polícia Civil?
MP: “Apesar de uma greve longa, a Polícia Civil teve
um saldo positivo com a realização de grandes
operações. Com certeza realizou a maior operação
de sua história em número de prisões quando
prendeu em um único dia 91 pessoas. Isso mostra
que as ações coordenadas pelo delegado geral
estão no caminho certo. E o caminho certo é
investigar e encontrar os culpados e colocá-los na
cadeia.