Delegado Maurílio Pinto critica falta de empenho dos policiais civis

domingo, 22 de janeiro de 2012

Por Márcio Morais do portal bo


O delegado Maurílio Pinto criticou duramente a

falta de empenho e vontade de boa parte dos

policiais civis do Rio Grande do Norte e chegou a

declarar que alguns se apegam a apadrinhamento

político para terem seus desejos atendidos.

Confira entrevista com o Xerife potiguar.

Márcio Morais - Como é depois de 47 anos de

serviço na atividade policial ficar aposentado?

Maurílio Pinto: “Eu estou estranhando muito, não

consegui me adaptar ainda. Como tenho minhas

limitações, estou fazendo fisioterapia nas

segundas, quartas e sextas e nos outros dias faço

visitas a policiais antigos, já aposentados, amigos

meus. Também estou aproveitando para ler. Estou

lendo três livros simultaneamente: o “Rio Grade

do Norte - Os notáveis dos 500 anos”, de Jurandyr

Navarro; “Um certo delegado de captura”, do

comandante da Polícia Militar de Minas Gerais; e

“Autopsia do medo”, do jornalista Percival de

Souza.

Márcio Morais - O senhor continua recebendo

informações sobre localização de bandidos?

MP: Mesmo aposentado, eu continuo recebendo

pessoas, inclusive vindas do interior, que trazem

as informações até a minha casa. Algumas delas

eu até repassei para a polícia e eles conseguiram

fazer umas apreensões, mas nenhuma prisão.

Márcio Morais - Que nota o senhor dá para a

segurança pública do estado do Rio Grande do

Norte em 2011?

MP: Para a segurança pública eu dou nota sete.

Não estou falando que a criminalidade e a

violência diminuíram, mas o que vem sendo feito

em relação ao combate ao crime, eu acredito que

está nessa faixa de sete ou sete e meio. Essa é a

minha opinião.

Márcio Morais - Qual a principal dificuldade que

a polícia civil enfrenta?

MP: A principal é a falta de interesse de alguns

policiais, tanto agentes, quanto escrivães e

delegados que são acomodados. Antigamente,

eles eram mais profissionais, eles tinham a

vocação.

Márcio Morais - O que é preciso para ser um

bom policial?

MP: Eu acho que existem três fatores para ser um

bom policial: honestidade, o faro policial e a

coragem. Eu me emociono quando vejo policiais

com atitudes honestas.

Márcio Morais - Como o senhor vê a atuação do

delegado geral?

MP: Fábio Rogério é um delegado jovem, quem

vem se destacando, principalmente quando

conclama a todos os policiais a trabalharem para

dar credibilidade à Policial Civil junto à população.

Márcio Morais - Qual o principal problema da

Polícia Civil?

MP: A falta de compromisso de alguns policiais,

que recorrem ao apadrinhamento político ou

tiram licença médica para não trabalhar. Na

verdade, alguns policiais só trabalham onde lhe

interessam, se colocar em um setor que interessa

a ele, ele trabalha feito um bicho, mas se colocar

em uma delegacia de menor importância, ele não

tem tanta dedicação, quando na verdade isso não

deveria acontecer.

Márcio Morais - Foi acertado lotar os novos

policiais no interior do Estado?

MP: Colocar esses novos policiais para atuar no

interior foi um grande acerto, não tenho a menor

dúvida, pois a meta é interiorizar a Polícia Civil. E a

gente vê a situação dificílima do interior,

principalmente quando alguns delegados

assumem diversas delegacias.

Márcio Morais - Como o senhor viu o ano de

2011 para a Polícia Civil?

MP: “Apesar de uma greve longa, a Polícia Civil teve

um saldo positivo com a realização de grandes

operações. Com certeza realizou a maior operação

de sua história em número de prisões quando

prendeu em um único dia 91 pessoas. Isso mostra

que as ações coordenadas pelo delegado geral

estão no caminho certo. E o caminho certo é

investigar e encontrar os culpados e colocá-los na

cadeia.


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