PM diz que há 59 presos e mais de100 indiciados por greve no RJ

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O chefe do Estado Maior
Administrativo da Polícia Militar,
coronel Robson Rodrigues da Silva,
informou na tarde desta sexta-feira
(10) que 59 policiais foram presos e
mais de 100 foram indiciados por
crime militar ou transgressão
disciplinar de natureza grave. Dentre
os presos, estão nove dos 11 policiais
considerados líderes do movimento
que tiveram mandados de prisão
expedidos peja Auditoria de Justiça
Militar. Além disso, outros cerca de 50
estão presos administrativamente,
segundo ele.
Na noite de quinta-feira (9),
bombeiros e policiais civis e
militares decretaram a greve
no estado do Rio de Janeiro durante
uma assembleia na Cinelândia, no
Centro. Cerca de duas mil pessoas
participaram da votação. Juntas, as
três corporações somam 70 mil
homens. Segundo os grevistas, 30%
do efetivo do Corpo de Bombeiros e
da Polícia Civil ficarão à disposição
para casos de emergência.
Segundo o coronel Robson, entre os
nove presos está o ex-corregedor da
PM, o coronel reformado Paulo
Ricardo Paúl que, assim como os
demais policiais que tiveram a prisão
pedida pela justiça, são considerados
líderes da greve ou tiveram atitude
relevante no movimento.
"O setor de inteligência da PM já
vinha monitorando policiais que
vinham cometendo algum tipo de
ilícito. Juntamos provas suficientes
para consubstanciar o pedido de
prisão desses policiais, que tinham
uma atitude contundente ou de
liderança do movimento, o que de
alguma forma caluniaram o comando
da corporação", disse o coronel,
informando que os nove presos estão
sendo encaminhados ao presídio de
Bangu 1, na Zona Oeste do Rio.
O oficial explicou que o comanddo da
PM entrou num acordo com o
governo do estado para que os
presos fossem para Bangu1. Além de
melhor acomodá-los, segundo o
coronel, a intenção é evitar o risco de
incitação de outros presos na
Unidade Prisional da PM.
O coronel Robson informou ainda
que os 50 policiais que se recusaram
a trabalhar ou cometeram alguma
transgressão disciplinar foram presos
administrativamente em seus
batalhões.
Além disso, mais de 100 policiais que
cometeram "deslizes menos graves",
segundo o coronel, que não
comprometem o patrulhamento das
unidades, foram indiciados e vão
responder por seus delitos em
liberdades. Eles foram indiciados por
transgressão disciplinar ou crime
militar, de acordo com o coronel
Robson Rodrigues da Silva.
De acordo com o o porta-voz da PM,
coronel Frederico Caldas, a situação
na capital está controlada, mas houve
problemas no interior. O Batalhão de
Operações Especiais (Bope) segue
para Campos, no Norte Fluminense,
onde a adesão ao movimento é
maior.
"A intervenção dos comandantes foi
fundamental na medida em que havia
uma determinação clara que os
policiais fossem para a rua. É
inaceitável que policiais cruzem os
braços, um serviço essencial para a
população. Há um pacto entre a
polícia e o povo e ele não pode ser
quebrado. Nesse momento os
comandantes orientaram os policiais
e aqueles que se recusaram a cumprir
as normas foram presos por
descumprimento, por crime de
desobediência ", disse Caldas.
Bope segue para Campos
Caldas explica que a greve provocou
apenas problemas isolados na
cidade. Já no interior - Campos,
Resende e Volta Redonda, a situação
é um pouco mais tensa, com homens
do Batalhão de Operações Especiais
(Bope) seguindo para Campos.
"O Bope está indo para Campos.
Houve um recusa inicial dos policiais
no sentido de saírem nas viaturas,
alegando que não havia uma
documentação em dia. O Bope está
indo para lá e o Detran está
providenciando a documentação.
Esses policiais foram para a rua a pé,
aqueles que não se recusaram. Os
que se recusarem serem presos",
enfatizou o porta-voz.
Agências e carro atacados a tiros
Entre os casos isolados na capital,
duas ocorrências chamaram a
atenção. Duas agências bancárias
foram atacadas a tiros
durante a madrugada, em São
Gonçalo, na Região Metropolitana.
Pela manhã, na Avenida Brasil, um
carro da PM foi atacado, também a
tiros, num ponto fixo de policiamento
que fica na pista sentido Campo
Grande da via. Segundo a polícia,
ninguém ficou ferido. A polícia não
acredita que os ataques tenham
relação com a greve, mas investiga os
casos.
Ainda durante a manhã, um carro
bateu num poste , na Zona Oeste.
Uma pessoa morreu e outra ficou
ferida. O socorro foi feito pelos
bombeiros e uma patrulha da PM
atendeu a ocorrência.
Caldas disse ainda que houve registro
de um problema isolado no 4º BPM
(São Cristóvão), mas não deu detalhes
sobre o caso.
O G1 percorreu alguns bairros do Rio
nesta manhã e encontrou apenas
dois policiais militares nas ruas, uma
carro da corporação na Rua General
Espírito Santo Cardoso, em frente a
19ª DP, e outro na Rua São Miguel,
todos na Tijuca, na Zona Norte. A
equipe de reportagem percorreu os
seguintes locais: Gávea, Humaitá,
Copacabana, Laranjeiras, Catete,
Catumbi, Rio Comprido, Praça da
Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista e
Barra da Tijuca.
Os grevistas reivindicam a liberdade
do cabo Benevenuto Daciolo e
querem piso salarial de R$ 3.500, com
R$ 350 de vale tranporte e R$ 350 de
tíquete-refeição.
Alerj aprovou aumento
Na quinta-feira (9), a Alerj aprovou
substitutivo do Executivo que
aumenta os salários das categorias
de segurança
(polícias Militar e Civil, do Corpo de
Bombeiros e de agentes
penitenciários) em 39% até fevereiro
de 2013. Ainda falta votar os
destaques ao projeto aprovado, que
podem modificar o texto final.
Exército enviará 14 mil homens
Ainda na quinta-feira (9), o secretário
estadual de Defesa Civil e
comandante do Corpo de Bombeiros
do Rio, coronel Sérgio Simões,
afirmou que o Exército
disponibilizaria cerca de 14 mil
homens e a Força Nacional atuaria
com cerca de 300 homens para a
segurança no estado
, caso a greve fosse decretada.
Segundo ele, o plano prevê que os 14
mil homens do Exército façam o
policiamento no estado, enquanto os
300 homens da Força Nacional
auxiliem no trabalho dos bombeiros,
em caso de paralisação dos
servidores de segurança do estado.

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